EBD
10/11/13
FAÇA
O QUE EU DIGO, MAS...

Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele. (Provérbios
22:6)
Já ouvi muito o jargão de quem não é exemplo para ensinar nada: "Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!", ou seja, faça certo... mas eu faço errado!
Alguns médicos são ótimos (ou péssimos) exemplos! "amigo, não fume, por que faz mal para isso... faz mal para aquilo... isso pode te matar...", mas não é raro, vermos médicos envoltos numa nuvem de fumaça de tabaco e nicotina. Fumando! Algumas mamães e alguns papais também não sabem o peso do exemplo (errado). Gritam palavrões aos quatro ventos, mas acham terrível, quando um dos seus filhões repetem o repertório de baixo calão... e falam isso incansávelmente aos jovens... não diga isso.... não fale aquilo... adianta?
O versículo Provérbios 22 é muito usado para relacionar a educação dos pais para com os filhos, e de fato
é! Mas como sempre digo, não é só isso. Isso está escrito! Mas o que está por
detrás disso? O que a Bíblia diz, por detrás da palavra escrita?
A aula será
sobre o exemplo, e o que esse exemplo trás de consequências para a nossa vida e
para a vida daqueles que nos cercam.
O filósofo e teólogo alemão Albert Schweitzer dizia que: "Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É a única!"
Um dos mais proeminentes intelectuais do Império Romano, estudioso de contemporâneo de Jesus, e que se ocupava com a forma correta de viver, Sêneca dizia: "Que o homem acredita mais com os olhos do que com os ouvidos. Por isso, longo é o caminho através de regras e normas, curto e eficaz através do exemplo."
E, ainda, como um apaixonado pela história da polis de
Esparta, quero fazer um comentário sobre ela e sua cultura. Para nós, hoje em
dia, seria uma grande despropósito ficar feliz com a guerra e viver para ela, e
isso é verdade! Se perguntássemos a um soldado do exército, homem preparado
para a guerra, se a sua vontade é ir para a guerra, com certeza ele responderia
que não! É ilógico querer ir à guerra, lá é um lugar de morte, um lugar de dor... mas
em Esparta era diferente...
Esparta
era uma cidade que tinha como base a honra e a guerra, eram treinados nessa
arte, sabiam como guerrear, como portar uma espada e como usa-la em combate,
quando necessário, junto com Atenas era uma pólis grega das mais proeeminentes
da Grécia Antiga. Para um espartano a
responsabilidade com a guerra para Esparta começava antes de nascer, pois se o
bebê espartano que viesse ao mundo, nascesse com algum defeito, era jogado desfiladeiro à
baixo pelos éforos (anciões espartanos), pois, com defeitos, não teriam como pertencer ao
exército de Esparta, aos oito anos de idade, eles eram iniciados em treinamentos
militares para a arte de guerrear. Já com certa idade, por volta de 11 ou 12
anos, ainda jovens, eram deixados floresta à dentro pelos pais, nus e sem
comida, para durante uma semana de rigoroso inverno grego encontrar o caminho
de volta para Esparta. Se depois de uma semana tivessem morrido na floresta, é
por que não eram dignos de serem espartanos, de outra forma, se encontrassem o
caminho de volta, eram merecedores de serem considerados parte do exército espartano.
Esparta tinha um lema para o seu exército, que era pronunciado pelas mulheres
dos soldados e pela população em geral que dizia aos que saiam em campanha: “Espartanos!
Voltem para Esparta, carregando os seus escudos ou em cima deles!”. Para um
espartano não havia maior honra que morrer em combate defendendo Esparta. Ao
ingressar nas fileiras do exército de Esparta as mães ficavam felizes por verem
seus filhos irem à guerra e defender a pólis! Não havia maior desonra para um
homem e sua família, que durante uma empreitada militar, ele permanecer em
Esparta com medo da morte! Assim era Esparta.
Então
vamos recapitular. Em Esparta, se uma criança nasce com algum tipo de defeito seja
qual fosse, não é digno de viver. Morte! Os que depois do nascimento, ficassem
vivos, sete anos mais tarde, já brincavam com espadas ao invés de carrinhos.
Aos 12 anos, o jovem é largado no meio do mato, num frio de rachar, sem água,
sem comida, sem roupa e tem que voltar para cidade sozinho, e se depois de tudo
isso ele não tivesse morrido a família ainda ficava feliz de ver o jovem indo à
guerra para morrer?
Eu
pergunto: Por que?
Eles tinham exemplos!
Um
jovem rapaz depois de passar por toda essa cultura onde ele ouve que os
alicerces da cidade de Esparta havia sido estabelecida com base na guerra. Aquiles,
o guerreiro e o rei Menelau, o homem que destruiu toda Tróia por causa de uma
mulher, eram guerreiros considerados deuses em Esparta. O fundador de Esparta
era guerreiro e morria pela cidade. Os antepassados do jovem eram guerreiros. O bisavô desse jovem era guerreiro. O avô dele era guerreiro. O pai dele era guerreiro e esse jovem quando criança
provavelmente ouviria dos feitos de bravura e honra de seus pai e de seus
antepassados em guerra.
Agora eu pergunto? Esse rapazinho vai ser o que quando
crescer? Você tem dúvida no que esse rapazinho sonha todos os dias? Ele quer é
ser guerreiro... e morrer na guerra! A cidade desse menino era uma cidade de
guerreiros, os deuses dele eram guerreiros, o bisavô era guerreiro, o avô era
guerrreiro, o pai era guerreiro, qual é o sonho desse menino? Ser guerreiro!...
e morrer na guerra! Para um rapaz desses, ninguém precisa dizer que ele deve
ser guerreiro... Ele vai querer ser guerreiro! Ele tem exemplos!
O que
dizer então do texto: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e,
ainda quando for velho, não se desviará dele”, escrito
em Provérbios 22:6? Ensina a criança como? Apenas falando? Claro que não! Mas também dando
o exemplo! Veja:
Isso é
tão verdade para esse versículo que as palavras originais hebraicas para
ensinar é: chanak (#2596), criança
é: na´ar (#5288), e caminho é derek (#1870), o verbo ensinar está na
voz ativa (Qal).
- chanak significa literalmente treinar, dedicar
- na´ar significa criança, mas não de forma específica ou de idade
definida mas, uma idade entre a infância e a adolescência, provavelmente 7 ou 8
(infância) anos até 13 ou 14 (pré-adolescência). Em outras palavras, um jovem
inexperiente
- derek significa curso de vida ou modo de viver
O verbo
chanak em hebraico está na voz ativa,
o que significa que o sujeito da voz imperativa do verbo é quem pratica a ação. Assim, por estar na voz ativa, o sujeito que ensina a crainça, participa da ação de ensinar, em outras palavras não fala somente! Participa dela! Isso é tão verdade que "ensinar o caminho que deve andar" é muito deiferente de "ensinar no caminho que deve andar".
O exemplo
não se define por palavras, mas se concretiza por ações. Para ensinar é necessário falar, para dar exemplo é
preciso mostrar. O ensino é teórico, o exemplo é prático! O exemplo é a teoria
em ação!
Então,
ensinar uma criança no caminho que deve andar, não significa apenas falar como se deve andar ou que se deve fazer, contudo, deve-se
mostrar como se deve andar.
DANDO O EXEMPLO.
Ao
lavar os pés dos apóstolos (Jo 13: 1-15), Jesus nos dá uma importante lição com
relação ao exemplo.
Era um hábito
comum nas terras do oriente ter uma bacia com água na entrada das casas. O efeito
das estradas empoeiradas e enlameadas sob os pés calçados normalmente por
sandálias era o de ficarem sujos. O costume teve a sua origem aí. Ao ser chegar
a casa de alguém, o visitante era recebido com um beijo pelo o anfitrião, que em
seguida disponibilizava um servo que limpasse os pés do visitante em
sinal de cortesia, ou o anfitrião mesmo o fazia. Não realizar tal ato era um
sinal de profundo desrespeito por parte do anfitrião. Não é sem razão que em Lc 7:36-50, quando a
mulher lava os pés de Jesus com lágrimas e os enxuga com seus cabelos e depois
passa perfume nos pés de Jesus, ele repreende o fariseu, por criticar tal ato
da mulher, pois desde que Jesus havia chegado em sua casa, ele, o anfitrião, não
o havia feito. Esse era o hábito de lavar os pés!
Em Jo 13
1:15, Jesus lava os pés dos discípulos. Jesus não diz como fazer, Ele mostra como fazer.
Note
que, eram as últimas horas de Jesus antes de sua morte, ele poderia ter dito (ou
ensinado) muita coisa para os seus discípulos, porém, decidiu lavar-lhes os
pés. Por que? Ele queria ensinar como deixar os pés limpos? É óbvio que não! O tempo de ensinar havia passado. Pedro não entendia o real significado e foi alertado pelo Mestre (v. 7), pois pareceia algo sem significado mas o que realmente Jesus
queria mostrar que, como Senhor se tornava servo! Jesus diz que como ele havia
feito, os apóstolos deveriam também fazer... sair por aí lavando os pés de todo
mundo? Não! Ser servos de todos, mostrando o exemplo daquele que seguiam.
Um Jesus
que sendo Deus se fez homem, não para ser servido, mas para servir! E mais,
veio para resgatar a muitos do pecado... Era isso que Jesus estava ensinando!...
Só falando? Não! Fazendo... dando exemplo!
“...quem quiser tornar-se grande entre vós, será
esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será
vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mt 20:26b,27,28)
Ser
servo, e ainda, sofrer por ser servo do Senhor, é seguir o que Jesus ensinou através
do seu exemplo:
“...pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não
cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com
ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo
em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os
pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.” 1 Pe 2: 21a-24
Quando imitamos um comportamento que aprendemos (seja bom ou mal) apenas refletimos o comportamento daquele que temos como exemplo, daquele que imitamos. Paulo diz em 1 Co 11:1 "sede meu imitadores, como eu sou de Cristo!". Parafraseando o versículo de Coríntios ele está dizendo (também): "Me tome como exemplo, por que o meu exemplo é Cristo!". Aquilo que somos reflete o comprtamento daquele que temos como exemplo, Cristo! E se ao ensinar, filhos, jovens, adultos, amigos ou quem quer que seja como exemplo, reflitamos o exemplo de Cristo, sendo servo, e servindo!
Jesus não falava de perdão... Ele perdoava!
Jesus não falava de curas... Ele curava!
Jesus não falava de salvação... Ele salvava!
Jesus não falava de amor... Ele amava!
Jesus não falava tinhamos de ser exemplos... ele era o prórpio exemplo!
Bons Estudos!
Fernando e Isabella
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