Se não
há não há nada escondido que não venha a ser revelado, por que há tantas
pessoas na ignorância espiritual? Onde está a revelação? O que está escondido?
Onde está escondido? Será revelado para quem? Por quem? Em que circunstância? E
como será revelado? O que há de tão importante para ser revelado? Claro que a
afirmação bíblica existe: “não há nada oculto que não venha a ser revelado”,
mas para responder as perguntas que antecedem essas linhas caro leitor, é
preciso mais! Somente aceitar essa afirmação não é o bastante. (????)
Alguém responderá, “tudo será revelado!”,
tudo o quê? Algumas palavras são tão genéricas que apontam para lugar nenhum. E
uma delas é tudo! Ou nada!
Os nossos porquês (ou melhor, as nossas
perguntas) precisam ser respondidos! As respostas, contudo, homem algum poderá
responder. Todas elas estão na Palavra de Deus, todas as respostas estão na
palavra viva do Senhor, mas muitas delas estão além do que os olhos podem ver.
As respostas "não estão" no texto, mas estão escritas por detrás
dele, não está naquilo que se podem ver, mas naquilo que não se pode ver.
Prendendo-nos
então a outro ponto muito importante, e que muitos se esquecem. A Biblia não
precisa ser interpretada. Sim! É isso mesmo! "A Palavra de Deus é viva e
eficaz" (Hb 12:4). "Ora... Como assim viva?". Porque ela (a
Palavra) é viva? O que significa ser viva? e mais ainda, ser eficaz? Que
praticidade tem uma palavra viva para nossas vidas? E a melhor pergunta de
todas: "O que o texto diz além daquilo que está escrito?"
Caros
amigos, que me desculpem os teólogos, mas dizer que a Palavra é viva porque
está escrito que ela é viva não é desvendar nada!... Qualquer um pode e
consegue “desvendar” isso, basta saber ler! Seria como dizer: "Olha irmão,
a Bíblia diz: o Senhor é o meu pastor e nada me faltará... nada nos faltará
irmão!" ..... Então... é só isso? Será que isso é uma Palavra viva? Não
precisa de revelação para saber disso. Isso está escrito! Ler e reproduzir
aquilo que está escrito, como sendo uma revelação de Deus pode até te tocar o
coração (... e toca), transformar (...e transforma), mas apenas lê-la, jamais
desvendará o que está por trás das palavras.
A
Biblia é a inerrante Palavra de Deus e não precisa ser interpretada, ela
por si só já é a própria interpretação. Muitos pregadores, professores de escola
dominical, evangelistas, missionários e o próprio povo de Deus, buscam no texto
bíblico uma suposta resposta para o que eles mesmos já intentam falar, ou
aquilo que esperam ouvir. Isso não é revelação! Querer falar sobre, por
exemplo, o uso ou não de brincos, e procurar na Bíblia algo que endosse a
afirmação, não é ter revelação! É arrumar pretexto... um jeito de a Bíblia se
adequar a ele, e não o contrário!
Como
dizíamos a Bíblia não se explica! O que Deus precisa falar a seu povo como
regra, já está lá. Não quero dizer, com isso, que Deus não use um servo Seu
para dirigir uma palavra para esse ou aquele irmão, por meio de uma revelação,
mas isso não é regra, é exceção! Já nos acostumamos ao neopentecostalismo
contemporâneo, que revela isso e revela aquilo. É chave de ouro, é caneta de
ouro, cadeira de ouro, púlpito de ouro, tudo de ouro! É muito ouro! Peraí... e
o que a Bíblia diz? ...Mais uma vez, não quero dizer que Deus não possa usar
alguém para fazer isso! Porque Ele usa e faz! Revela sim! Contudo, de 10 em 10
minutos? Espera aí... Sejamos sensatos. Não quero me prender a esse assunto,
que quero discorrer com mais profundidade depois. Então voltemos ao que diz a
Bíblia...
Uma
das “máximas” da hermenêutica bíblica é que a Bíblia explica a própria Bíblia
(conceito particular). Então, tendo em vista essa máxima, não há necessidade da
Palavra de Deus se adequar ao pregador e sim o contrário. O soberano nessa
relação é o próprio Deus (através da Sua Palavra) e não o pregador, não o
leitor. Porém, entender o que Deus quer dizer, não apenas com aquilo que está
escrito, mas também com aquilo que “não está escrito” nem sempre é uma tarefa
das mais fáceis, porém, a pergunta “por quê” é sempre pertinente. Por quê isso
está escrito aqui?
Aprendamos
uma coisa. Se está lá! É importante! Ponto! A Bíblia é um emaranhado de
caminhos que se interligam uns aos outros de forma tão perfeita e exata, que
todos os fatos e ensinamentos descritos estão em concordância uns com os outros
em uma teia perfeita.
Deixarei
um exemplo, muito interessante onde nossa pergunta (o tão falado: por quê) nos
levará a um caminho diferente do daquele que aparentemente está explícito. Uma
amostra de como duas palavras dentro da Bíblia tem um significado tão
abrangente e vivo, no
sentido intrínseco da palavra. De novo deixo claro: Não é que, aquilo que está
explícito no texto sagrado seja menos importante do que aquilo que “não está
escrito”. Pois não o é. Entretanto, para mim (uma opinião particular) a beleza
da Bíblia não está apenas no que está escrito, explícito, palpável aos olhos,
mas a grandiosidade desses textos estão naquilo que está encoberto e precisa
ser desvendado através da revelação do Espírito Santo.
Vamos
aos porquês...
“Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é
a palavra de Deus” Ef 6:17
Vamos
analisar as palavras: espada e palavra. É importante salientar
que um texto nunca está isolado, seu significado está envolto em um contexto
maior e analisa-lo exige estar familiarizado com esse contexto, é interessante
lermos todo o livro, todo o capítulo, algumas outras fontes, sejam elas,
históricas, arqueológicas, costumes da época, outras versões, dicionários
bíblicos, textos originais (grego ou hebraico), etc., isso nos dará subsídios,
para entendermos o que significa o texto. Ainda assim é importante salientar
outra coisa. O centro do nosso estudo é a Palavra de Deus, e esta sempre deve
ser considerada. Não as fontes de consulta paralelas.
Vamos
começar com o contexto geral. O texto é muito conhecido, é complemento de Ef 6:
13-17. Uma carta endereçada aos fiéis que estão em Éfeso, provavelmente não só
à igreja dos efésios, mas a todas as igrejas da região, porém, recebe o nome de
carta aos Efésios por ser esta a igreja mais proeminente da região.
Provavelmente foi escrita por Paulo (alguns estudiosos discordam que foi ele
quem escreveu), enquanto ainda estava preso. A carta está centrada na ideia de
que Deus quer a união de todas as coisas em Cristo, e utiliza a Sua igreja para
esse fim. Não há mais barreiras de nacionalidades, raças, cor ou cultura, a igreja
é um único corpo em Jesus Cristo. A igreja é representada na carta aos Efésios
como sendo a noiva (5: 21-33), como sendo o corpo (4:11-16) e como sendo templo
(2:19-22), aqui está a ideia central da carta.
Observemos
agora o contexto onde a passagem que estamos analisando está inserida. O texto
é por muitos denominado: a “Armadura de Deus”, e de fato é. A analogia é
pertinente, tendo em vista a região de Eféso ser dominada pelo Império Greco-romano
em crescente expansão e soldados portando suas armaduras serem comuns à vista
de todos, o fato é confirmado pela cidade de Éfeso ser uma cidade greco-romana
(situada nas proximidades do que hoje é a Turquia). Lá há um importante sítio
arqueológico onde se encontra um grande cemitério de gladiadores. Comprovando o
fato da região ser povoada por soldados romanos, e esses serem figuras comuns à
vista de todos. Assim, para que entendamos a relação da armadura de Deus em
analogia com a armadura de um soldado romano precisamos conhecer as armaduras
romanas à luz do texto bíblico:
1. Cingidos os lombos – A referência se faz a investidura da
autoridade que estava sobre um soldado romano, analogamente seria algo como o
poder de soldado de polícia tem sobre um cidadão comum de fazer cumprir a
determinação do Estado de manter a lei e a ordem.
2.
Couraça – De forma geral a couraça era uma peça de couro
feltro ou de algum metal, geralmente feita em escamas ou cotas de aço, permitia
a mobilidade do portador dessa e protegia contra gospel curtos de laminas
cortantes.
3. Calçados – a maioria usavam sandálias, outros (mais
raramente) uma espécie de bota, mas tinha a finalidade principal de proteger os
pés nas caminhadas de grandes hostes de soldados.
4.
Escudo – Haviam vários tipos de escudos, mas, dois se
destacavam, escudos grandes usados pela infantaria pesada que protegiam todo o
corpo. Eram feitos de material como a madeira e recobertos de bronze polido que
brilhavam ao sol,estes quando refletiam a luz solar podia "cegar"
temporariamento o oponente, e outro menor, normalmente de forma ovalada, mais
leve, para proteção no combate corpo a corpo
5.
Capacete – Antes usados apenas pelos generais e líderes,
mas depois utilizados por todos os soldados para a proteção individual
principalmente para o pescoço, cabeça e orelhas.
6. Espada – A espada romana podia ser de 3 tipos
i. Lança – era comprida, normamente maior que
um soldado e era usada pela infantaria pesada e pela cavalaria, podia acertar
um oponente a longa distância, mas restringia o seu uso no combate individual.
ii. Espada de combate – um espada
curta, normalmente de dois gumes, o que permitia o soldado perfurar o corpo do
adversário de forma eficaz, normalmente levada na cintura, porém em combate
corpo a corpo era levada escondida atrás do escudo, o que ludibriava o oponente
de forma a fazê-lo acreditar estar desarmado o seu portador. É a espada mais
comumente usadas pelos soldados romanos.
iii. Adaga – utilizada como utilitário (cortar alimentos, coisas ou animais,
para a alimentação) mas também usada como arma pois podia ser escondida até
mesmo nas correias das sandálias.
Assim
era um soldado romano comum a todos os moradores de Éfeso.
Até
agora o que estudamos foi história, contexto bíblico, analogias e costumes, por
enquanto... Nenhuma revelação. Observemos agora o versículo que estamos
analisando, porém, mais especificamente os verbetes “espada” e “palavra” do
versículo 17, e façamos a nossa pergunta. Por quê Paulo usou a palavra espada
para se referir a palavra de Deus? Que espada é essa. Uma adaga, uma espada de
combate ou uma lança? Porque que a espada está relacionada à palavra? Para que
eu quero uma palavra que sirva como espada? Que palavra é essa? A que foi
ouvida, a que está escrita ou a palavra falada? Ele se refere à palavra da Lei
de Moisés, da palavra dita pelos profetas, da palavra de Jesus ou de outra
coisa escrita na época? Surgem mais perguntas que respostas! Nessa parte alguns
dos “estudiosos” da Bíblia desistem e se contentam apenas com o que o texto diz
explicitamente, são palavras fantásticas, de fato, mas não é tudo ainda... há
mais! Escondido. E aqui começa a beleza da Bíblia! A revelação da Palavra viva
de Deus.
Os
leitores hão de se lembrar, que a Bíblia não necessita de interpretação. Ela
própria já é a interpretação.
Então, analisemos o texto original.
A
palavra espada no original grego é machaira
faz alusão à espada de combate e como foi dita ela era utilizada por um
soldado, presa à cintura quando não estavam em combate e escondida atrás do
escudo quando no embate corporal, podia ser usada quando o inimigo não
esperasse o ataque. O verbete “palavra” não é qualquer palavra, ao contrário do
que alguns possam pensar, não é a palavra escrita, é a palavra falada, no texto
original: rhema. Palavra
essa que todo o cristão que vive em união e comunhão com a sua igreja, como noiva de Cristo (ver
contexto da Carta) , em concordância com Cristo Jesus (sendo uma só com
Cristo), pode carregar, não em baixo do braço, não em papéis escritos em um
livro, mas rhema são palavras guardadas no recôndito de um coração quebrantado!
A palavra que o autor fala não é a palavra dita ao acaso, mas é uma palavra que
tem poder de transformar, não como uma frase mágica, mas com o poder de
convencer o pecador de seu pecado, a palavra rhema usada por um guerreiro que porta a
armadura de Deus, aludida no texto deve ser usada escondida por trás do escudo
da fé, não ao acaso ou por acaso, mas usado por lábios hábeis, que manejam bem
a palavra (como um soldado), escrita nas tábuas do coração. Ela é usada no
momento de embate corpo a corpo com o inimigo, tem a sua lâmina tão afiada que
pode penetrar até a divisão de alma e espírito. A palavra que pode toda a vida
transformar. Essa sim é a palavra viva de Deus de que fala a Bíblia!
Aleluia!
Caros
irmãos, se observarmos o contexto da carta aos Efésios, ele fala exatamente, de
atuarmos na união do corpo de Cristo (como um exército romano), de utilizamos
armas de Deus contra o inferno (como um soldado), e no combate, vencendo como
igreja (afinal um soldado sozinho, não vence batalhas) assim se dá o
crescimento da igreja, a união da igreja como templo, como noiva, como corpo.
Isso acontece por meio do embate corpo a corpo com o inimigo, realizado por um
povo remido, por um povo que tem a Bíblia não apenas nas mãos mas dentro do seu
coração!
Observando esse contexto, é fácil entender como passagens do tipo
"... O reino de Deus é tomado à força..." ou "...nossas armas
não são carnais mas poderosas em Deus..." Fazem mais sentido ainda do que
antes.
Amigos, antes de continuar, perceba (novamente) que a Bíblia não precisa
de interpretação, não precisa que o transmissor da mensagem, enquadre-a, dentro
das suas vontades, mas o pregador precisa se enquadrar dentro do que a Bíblia
quer falar.
Essa é apenas uma lição da Bíblia contidas em apenas duas palavras: "espada e
palavra" Há outras interpretações para o texto:
1.
Podemos falar sobre evangelismo, de quando o cristão é pego de surpresa e não
tem a Bíblia escrita em mãos e tem que tomar apenas a palavra rhema que será usada no momento em que o
inimigo pensar que não há mais armas.
2.
Podemos, falar da importância de sempre ler a Bíblia e tê-la não só nas mãos, mas
no coração
3. De
como a Igreja como um todo é um exército feito de guerreiros.
Podemos
falar, ensinar, exortar, encorajar e uma outra infinidade de assuntos como
apenas duas palavras da Bíblia. Eis a beleza da Bíblia! O poder da Palavra de
Deus não está apenas naquilo que está escrito, mas naquilo que "não está
escrito", daquilo que está por detrás do texto, "...aquilo que nem
olhos viram, nem ouvidos ouviram, foi o que Deus preparou, para aqueles que o
amam”.
Aquilo
que está escrito e explícito na palavra de Deus, transforma, realiza, cura e
liberta... isso é um fato! E é real! Contudo, essas águas estão somente pelos tornozelos,
ainda há grandes águas diante de nós, águas profundas, águas insondáveis e
inefáveis (Ez 47:3-6). E estão além daquilo que está escrito! Mergulhar no
estudo da Palavra de Deus e conhecer a verdade viva da Palavra do Senhor é
entrar mar à dentro, nos planos de Deus para nossas vidas.
A
Bíblia está ao seu alcance. Mergulhe! Desvende! Deus falará com você!
Entrar nesse rio, depende de você!
Bons
estudos!
Fernando
e Isabella
Nenhum comentário:
Postar um comentário