Busca

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

DO EGITO PARA O DESERTO



DO EGITO PARA O DESERTO

Ex 13:17-22; 14:1-31

     Continuemos de onde paramos... A celebração da Páscoa dos hebreus.
    Depois da celebração da Páscoa, no dia seguinte, faraó e seu povo se deparam com a cena mais aterradora que podiam ver, seus primogênitos estão mortos! Em contrapartida, os primogênitos dos hebreus permaneciam vivos, e faraó, ao que parece, cansa de sofrer nas mãos do EU SOU e liberta os hebreus para irem ao deserto adorar o seu Deus, com mulheres, crianças, gado, ovelhas e tudo!
    O povo vai saindo mais do que depressa. Como foi feito na Páscoa os hebreus, eles já estavam literalmente preparados e de malas prontas para partirem: sandálias nos pés, cajado na mão, lombos cingidos, com suas bolsas abastecidas de pães asmos preparados na véspera. Além disso, os hebreus ainda tinham em mãos ouro e prata dado pelos egípcios. Os hebreus estavam saindo do Egito literalmente "à toque de caixa", contudo, a primeira coisa improvável aconteceu, Deus diz a Moisés para o povo ir para o deserto, mas não costeando o mar até Canaã, e embora fosse o menor caminho possível, passariam pela terras da Filístia, e ao verem que a guerra contra os filisteus seria inevitável não quisessem voltar para o Egito (fica claro para nós que a preocupação aqui era de como "escravos" lutariam em guerra contra homens livres). E assim deveria ir o povo de Israel pelo caminho mais longo rumo à Canaã prometida, pelo deserto montanhoso do Sinai.
    Durante o dia uma coluna de nuvem os acompanhava e à noite uma coluna de fogo. Note que mais uma vez Deus se faz mostrar como aquele que protege Israel, em uma teofania visível, que simboliza a presença do próprio Deus, zelando por Israel!

O deserto, lugar para onde o povo estava indo, é um local de extremos. Durante o dia um calor fica próximo de 50 graus, durante à noite o frio é intenso. Tendo em vista essas duas características, durante o dia a coluna de nuvens protegia o povo do calor do deserto, e à noite a coluna de fogo os aquecia do frio intenso e os iluminava diante da escuridão do caminho.
    Pois bem! O povo de Deus começa a sua jornada rumo ao deserto, provavelmente saindo de Gósen (lugar onde habitavam como escravos) e tendo como a primeira parada Sucote. Saindo de Sucote, eles param em Etã, na entrada do deserto. Mas uma mensagem de Deus vem a Moisés e diz que eles voltem no seu caminho até Pi-Hairote. Um caminho de volta ao Egito!
    Primeiro os hebreus saem do Egito às pressas e depois de estar às portas do deserto, agora tem que voltar para mais perto do Egito? Vai entender!? Mas foi isso mesmo! A determinação de Deus parece ser no mínimo inusitada, mas o povo deveria retroceder um pouco e acampar junto do mar! E Deus, como não deixa ninguém enganado, ainda diz mais a Moisés... fazendo isso, faraó pensará que vocês estão desorientados por causa do deserto e irá perseguir vocês! Assim Eu (Deus) serei glorificado em faraó... Pense na situação: "Nós voltaremos e ainda vamos ser perseguidos..."
    Informado que o povo fugia... faraó mais uma vez muda de opinião: "Que é isso que fizemos, permitindo que Israel nos deixasse de servir?" E lá vai faraó atrás do povo que a estas alturas estava acampado em Pi-Hairote, perto do mar.
    Ao ver que os egípcios os estavam perseguindo, o povo de Israel começa a murmurar a Deus e diz a Moisés: "...lá no Egito não tinham túmulos, por isso nos trouxeste aqui para morrermos no deserto? Deixa que voltemos para o Egito para sermos escravos de novo...", e após Moisés clamar à Deus, Ele diz à Moisés: "Porque clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem", e chegando às margens do mar, Moisés estende seu cajado e um vento oriental sopra, durante toda a noite, abrindo o mar, para que o povo passasse por entre as águas divididas. Estas ficaram como um muro a direita e a esquerda... e assim, o povo passa pelo mar à pés enxutos chegando até o outro lado, sem que os exércitos egípcios pudessem alcança-los pois o anjo do Senhor que ia adiante do povo (que aqui representa a presença do próprio Deus). Na ocasião, o anjo sai da frente do povo e se coloca entre os egípcios e os hebreus, de forma que a nuvem era como escuridão para os egípcios e para os hebreus era como claridade. Durante toda a noite os egípcios não puderam se aproximar dos israelitas. 
    Na vigília da manhã (primeiras horas do dia) o Senhor, por meio da coluna de nuvem e de fogo, alvoroça os exércitos egípcios que tentam voltar, porém, suas carruagens começaram a emperrar (provavelmente no leito lamacento do mar) e suas carruagens tem dificuldade de andar. Ao tentarem voltar, Deus diz a Moisés, que estenda seu cajado mais uma vez, par que o se fechasse "tragando" os egípcios no mar.
    Ao passar esses acontecimentos Israel é conduzido para o deserto, agora sem a premência dos exércitos egípcios no encalço dos hebreus. Porém, o caminho até Canaã, não seria algo fácil, pois como já pudemos observar, o caminho adotado foi o mais longo por entre as montanhas do deserto do Sinai.
    Note algumas coisas importantes na história da saída do povo hebreu do Egito.
    A primeira está relacionada, não aos milagres do Senhor (embora sejam eles muito importantes), mas, nas ordenanças aparentemente "ilógicas" de Deus. Por que o povo deveria voltar no lugar de avançar?
    Atravessar o deserto, costeando o mar, a partir de Etã, acarretaria três problemas:
    Primeiro: antes mesmo que chegassem até a terra dos filisteus, o exército do Egito alcançaria o povo... ou voltariam como escravos para o Egito ou morreriam no deserto...
   Segundo: mesmo que os egípcios não estivessem atrás do povo, ao chegar à Filístia, teriam de enfrentar os filisteus e certamente ficariam como escravos, morreriam naquelas terras, ou voltariam para o Egito para de novo serem escravos.
    Terceiro: O caminho escolhido pelo povo seria jamais seria o caminho mais longo e montanhoso do deserto do Sinai, como Deus o queria. Sem dúvida optariam pelo caminho mais fácil.
    Perceba que o povo de Israel ainda não tinha se estabelecido como nação livre, mas Deus, os estava preparando para tomar posse da terra que havia prometido. Mais de 600 mil homens (excetuando-se crianças e mulheres) sairiam do Egito depois de 430 anos vivendo em terras que não eram suas. Ao chegarem ao Egito com José e Jacó eram homens livres, ao saírem de lá, escravos. Quatrocentos e trinta anos de um misto de promessas de Deus sobre uma terra que mana leite e muitos anos sob o jugo da escravidão egípcia, um misto de sonho e realidade. Deus prometera e o povo esperava, mas até então...nada! Até que o tempo de Deus chega e Ele escolhe Moisés. E agora podemos ver o povo rumo ao deserto em liberdade.
    Vamos observar as maravilhas que Deus fez, e é muito importante sabermos que ele tira o seu povo com braço forte. Contudo, observe que quando Deus fala para que o povo retroceda do seu caminho, como se voltassem para o Egito, o Senhor manda o povo ir de encontro aos exércitos de faraó, que como já vimos, Deus já tinha avisado a Moisés que faraó os perseguiria, não para morrerem mas para que Deus mostrasse quem era aquele que os conduziria ao deserto. Deus em primeiro lugar queria mostrar ao povo que embora Ele os conduzisse a um lugar de sequidão de dia e de frio à noite, Deus era poderoso para sustê-los na jornada.
    Aqueles que agora estão no deserto são homens livres, porém, estamos falando de homens que não nasceram livres, mas de uma geração de pessoas que nasceu como escravos, e agora tem o primeiro contato com a liberdade. Estavam aprendendo! A intenção de Deus em levá-los ao deserto não é para fazê-los perecer na sequidão, mas ensiná-los como ser livres. E muito mais do que isso, ir ao deserto, significa aprender a ter intimidade com Deus.
    No momento da provação aprendemos a depender de Deus, pois não há outro caminho a seguir que não seja o do Senhor...
    Note aqui que, Deus após libertar o povo, não quis dar-lhes (a princípio) o melhor da terra, embora os hebreus estivessem a caminho de Canaã, antes deveriam passar por período onde deveriam aprender de Deus, aprender quem era Deus e ter intimidade com Deus.
    É claro que sofremos nessa vida... mas passamos por todas essas provações não para morrermos, mas para aprender de Deus e sobre quem é Deus!
    Imagine se o que povo que chegasse a terra prometida por Deus fosse o povo com a mesma mentalidade do povo que saiu do Egito.
    Imaginemos a história de forma diferente durante a travessia do povo rumo a terra prometida...
    Suponha que ao sair do Egito o povo tomasse o caminho costeiro, o mais fácil, se isentando de cruzar a região montanhosa do Sinai, suponha que eles fossem não pelo deserto do Sinai, mas pela parte norte deste, pela região costeira, e que por livramento do próprio Deus, fosse livre da perseguição dos egípcios, da guerra contra os filisteus, e entrasse na terra de Canaã, expulsando os heteus, heveus, amorreus, jebuseus e todos aqueles povos que viviam em Canaã antes deles.
     Que tipo de pessoas entrariam na terra de Canaã? É claro que a resposta mais óbvia seria: "Pessoas que dependem exclusivamente de Deus!" e a atitude de depender dEle está certa! E isso é imprescindível para o povo de Deus!
    Só que essas pessoas continuariam tendo a mentalidade de um escravo e não de um homem livre!
   
   Vamos separar as coisas!
    Depender de alguém, não significa necessariamente, deixar essa pessoa de quem se depende, tome todas as atitudes por nós. E com atitudes quero dizer com o ato de fazer algo, de se mexer, agir através de atos! Ser livre e ao mesmo tempo depender de Deus significa ouvir os mandamentos do Senhor (embora, às vezes, pareçam absurdos) e faze-los conforme as nossas próprias forças. Depender de Deus, sobre o que Deus está me orientando a fazer!
   Depender, também pode estar relacionado, ao ato de deixar que o próprio Deus faça, através da força dEle. Esse depender de Deus está relacionado ao ponto em que não podemos mais fazer com nossas próprias forças, é quando clamamos pelo agir de Deus e dependemos exclusivamente dEle, para que o próprio Deus possa nos ajudar, clamando pelo milagre de Deus. É aí que Deus abrirá o mar! E a nós cabe marchar. Aleluia!
    Ser livre, é poder escolher entre depender ou não depender de Deus!
   Perceba o que Deus fala para Moisés em Ex 14:1 quando o povo não sabe o que fazer, e começa a murmurar, quando tem diante deles o mar e por detrás o maior e mais sanguinário exército da época. "...dize ao povo de Israel que marchem!". Marchem para onde? Para o mar?...
    Note aqui que o povo de Deus fez tudo aquilo que o Senhor dissera por intermédio de Moisés, fizeram a Páscoa, se prepararam com os pães para a jornada, foram até Etã na entrada do deserto e voltaram a caminho do Egito ficando, por determinação do Senhor, entre o mar e o exército sanguinário, ou seja, ouviram e obedeceram cada Palavra que o Senhor dissera.
    Eles poderiam ter ido de Etã para o deserto sem problemas, não havia ninguém que dissesse o contrário, era a porta da liberdade da escravidão do Egito, contudo, eles resolveram, mesmo podendo ir para o deserto a partir de Etã, ouvir a Deus e voltar. A escolha, atitude de homens livres!
    Só que agora, eles estão em uma situação em que não podem resolver, uma situação aparentemente impossível. Como esses homens, mulheres e crianças enfrentariam um exército treinado e fortemente armado? Encarar o Exército? Não! Eles até pensaram que o único jeito era voltarem a ser escravos. Não! Era preciso tomar uma atitude de homens, mulheres e crianças livres! Marchem! Rumo ao mar! E por que? porque homens livres dependem de Deus e Ele próprio fará o mar se abrir! Aleluia!
    
    Jesus quis mostrar a importância de passar pelo deserto quando diz em Mt 7:13,14

"Entrai pela porta estreita... porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida..."
    
  Jesus não está dizendo que quer ver o povo sofrendo, mas quer mostrar que é no deserto que podemos ver e depender muito mais de Deus! E essa dependência nos traz intimidade e vida!
    Da mesma forma Jesus diz em Lc 8: 6, 13, que apenas receber a palavra com alegria não é suficiente, Ela é boa e nos traz refrigério, porém, precisamos ter raízes profundas de intimidade com Deus, moldadas e desenvolvidas no deserto de Deus! E isso leva tempo! Assim, saberemos quem Ele verdadeiramente é, e o que pode fazer diante do impossível.
"...Outra caiu sobre a pedra; e, tendo crescido, secou por falta de umidade... A que caiu sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; estes não têm raiz, creem apenas por algum tempo e, na hora da provação, se desviam..."
    O povo de Israel havia contemplando tudo isso, embora homens, mulheres e crianças livres, ainda pensavam como escravos e continuavam murmurando.
   
   Mas isso é assunto para outra hora....

Bons Estudos!
Fernando e isabella

Leia mais

Nenhum comentário:

Postar um comentário