QUEM
CHAMOU MOISÉS?... EU SOU?
Ex
3: 1-15
Deus escolhe Moisés para ser o libertador para Israel, e como já vimos, esse libertador do povo é uma pessoa que de perseguido passou a ser parte da corte egipcia, porém, rapidamente, se transforma, de um nobre egípcio à fugitivo, com sua cabeça a prêmio.
Conforme vimos anteriormente, o faraó que buscou matar Moisés foi ironicamente a mesma pessoa que havia crescido juntamente com ele (Ex 2:15) (Tutmés III), aquele que supostamente seria seu amigo, alguém que havia crescido juntamente com Moisés, que aprendera nas mesmas escolas, foram iniciados na cultura e na arte egípcia, agora perseguia Moisés, que se refugia no deserto de Midiã e lá passa cerca de 40 anos. A data é coerente, levando em consideração ser o faraó do Êxodo Amenófis II. A data do regresso de Moisés para o Egito, com aproximadamente 80 anos (observe o gráfico abaixo). E é esse período que estudaremos.
Conforme vimos anteriormente, o faraó que buscou matar Moisés foi ironicamente a mesma pessoa que havia crescido juntamente com ele (Ex 2:15) (Tutmés III), aquele que supostamente seria seu amigo, alguém que havia crescido juntamente com Moisés, que aprendera nas mesmas escolas, foram iniciados na cultura e na arte egípcia, agora perseguia Moisés, que se refugia no deserto de Midiã e lá passa cerca de 40 anos. A data é coerente, levando em consideração ser o faraó do Êxodo Amenófis II. A data do regresso de Moisés para o Egito, com aproximadamente 80 anos (observe o gráfico abaixo). E é esse período que estudaremos.
Já vimos que Moisés, agora com 40 anos, foge do Egito para o deserto de Midiã,
estando sob uma condenação à pena de morte, por haver matado um egípcio (Ex
2:14,15). Flavio Josefo diz na sua obra "História dos Hebreus" que
independente de ter cometido o assassinato do egípcio os líderes do Egito
estavam com grande desejo de matar Moisés. De acordo com Josefo, Moisés era um
dos principais generais do exército egípcio, e havia empreendido grandes
campanhas a favor da nação do Egito, e por ser considerado filho da filha de
faraó (Hatsepsute), seria um candidato em potencial ao trono, levando em
consideração, essa rainha não ter tido filhos biológicos.
O povo egípcio não considerava tais atos militares
de conquista e a posição do jovem Moisés. É claro que isso causava grande ciúme
nas lideranças egípcias e a perseguição de Moisés aconteceria, mais cedo ou
mais tarde, o caso da morte do egípcio foi apenas o estopim do que já
intentavam os egípcios.
Moisés havia passado 40 anos na corte egípcia e agora passa mais 40 anos no
deserto como pastor. A princípio parece ser um contra senso, primeiro Deus
permite que Moisés faça parte dos principais nobres do Egito e depois o retira
de lá para que viva uma vida de esforço como pastor das ovelhas de seu sogro
Jetro. Ao mesmo tempo que Moisés se preparava em toda a cultura do Egito para
se tornar legislador do povo de Israel, também se tornava pastor de ovelhas
aprendendo a cuidar, ao invés de ser servido na corte real. Moisés passa por
duas fases da vida de qualquer ser humano, que definiremos de carreira
vocacional e carreira espiritual, não por pouco tempo, mas todas duas fases
divididas em períodos muito próximo de tempo, ou seja, 40 anos. Perceba que
quando falamos de dois períodos muito parecidos, podemos fazer ainda uma
referência ao que vimos na aula: "Cristãos
seres de duas dimensões".
Foram duas fases de vida que Moisés, e todas elas, importantes. Uma de
abastança e conhecimento em artes militares, cultura, leis e toda sorte de
conhecimentos característicos da cultura daquele povo, e a segunda fase da vida
de Moisés serviu como preparação para o chamado de Deus na sua vida.
Do nascimento à sua chamada, passaram-se
aproximadamente 80 anos, quarenta no Egito e quarenta no deserto todo esse
período que serviu não apenas para o aprendizado de Moisés, contudo, também foi
para o povo.
Moisés era fugitivo no deserto de Midiã, e o
faraó que procurava mata-lo, morre e a servidão do povo, aumenta sobremaneira
com o faraó seguinte, Amenófis II, que como conta a história ficou conhecido por
sua grande crueldade.
Isso faz o povo se lembrar, das promessas
feitas por Deus à Abraão, Isaque e Jacó e o povo começa a
clamar a Deus, suspirando por causa da servidão (Ex 2:23). O povo estava
desiludido com o Egito de outrora, onde se conhecia os feitos por Deus através
de José.
Enquanto isso Moisés está no deserto,
servindo como pastor de seu sogro Jetro, lá,
e em meio à sequidão do deserto, Deus prepara o primeiro contato com Moisés
e o apronta para a obra que Deus tinha programado, antes do seu nascimento.
Enquanto
apascentava o rebanho no monte Horebe, apareceu-lhe um anjo de Deus numa sarça
que queimava e não se consumia.
O que
Moisés contempla é o que chamamos de teofania.
A palavra
tem origem nas palavras gregas theos
(Deus) e phainein (mostrar,
manisfestar), que como fica fácil desvendar, foi a manifestação visível de Deus
invisível. Adentramos aqui, em um ponto muito discutido entre teólogos, porém, é
óbvio, que não discutiremos em pormenores detalhes a aparição, pois não é o
caso, mas veremos de forma bem geral o que foi essa manifestação na sarça, que
queimava e não se consumia vista por Moisés quando Deus o chama para a obra de
libertação de sEu povo.
Relacionamos ao aparecimento de Deus na sarça ardente do que chamamos de
antropormofismo, que nada mais é, do que a atribuição de formas e características tipicamente humanas à Deus. Como por exemplo, olhos, mãos, rins ou qualquer coisa semelhante.
Deus tem
os seu modos de aparecer ao ser humano, e o antropomorfismo relaciona o modo e como ele utiliza a nossa realidade
(palpável) para se fazer entender.
No nosso
vocabulário (ou qualquer vocabulário que seja), não é, ou jamais será capaz de
descrever com perfeição quem é Deus. Nós cristãos sabemos muito bem disso, do
que é não poder descrever quem é Deus, levando em consideração, o sentimento
que nos inunda quando estamos sentindo a presença do Senhor dentro de nossa
alma. Seria no mínimo frustrante tentar definir tal sentimento, quando Deus nos
brinda com sua presença. A Bíblia chama esse sentimento de gemidos inexprimíveis
(Rm 8:26). Porém, Deus não é confusão, o Senhor quer mostrar-se ao seu povo de
forma, que a nação de Israel, possa reconhe-lo como Deus que é. Então como
fazê-lo sem ser inexprimível?
Entramos
em um contra senso, pois se não se pode definir Deus, com palavras que
expressem esse grandioso Deus. Como Deus se faz conhecido entre os homens?
É aqui
que entra o que estamos estudando: a teofania e a significação do nome.
A
teofania, de forma geral, é a manifestação visível do Deus invisível, e a atribuição
de características tipicamente humanas a Deus (é o que chamamos de
antromorfização).
Começaremos assim.
É óbvio,
que Moisés, durante 40 anos como pastor dos rebanhos de seu sogro Jetro no
deserto, teve contato com o Deus, haja vista, ser Jetro sacerdote em Midiã (Ex
2:16), porém, a experiência de Moisés, agora diante da sarça que queimava mas
não se consumia era diferente, era algo pessoal e ímpar.
É
interessante entendermos o que aconteceu ali diante de Moisés e a sarça, que já
definimos como uma teofania, que é a manifestação visível do Deus invisível.
Porém, essa manifestação visível tem um propósito.
O primeiro é mostrar que Deus
é Deus. Simples assim!
A
manifestação de Deus na sarça tem um pano de fundo singular, no que tange a manifestação
da presença de Deus de forma visível para Moisés. A intenção de Deus em fazer
com que a sarça que queimava, não se consumisse era em primeiro lugar mostrar a
Moisés que o que ele presenciava não era algo comum, mas, sobrenatural.
(Nota: Fogo. É a energia "consumidora" de
todo material existente na terra. O fogo e a energia desprendida por intermédio
do calor, no ramo da química, é tão importante, que existe uma área do estudo
dos materiais que trata exclusivamente dele, chamada termoquímica.)
A sarça
não se consumir tem como primeira intenção chamar a atenção de Moisés para
aquele que falava, ou seja, o próprio Deus (Ex 3:4). Algo de diferente
acontecia ali, te um fogo que acendera sem mais nem menos, sem que ninguém o
tivesse ateado, um arbusto que não se consumia com o fogo, e uma voz do meio
dos arbustos que sabia, a quem se dirigia.
Moisés ao
chegar perto do arbusto ouve o "anjo" dizer-lhe que era o Deus de
seus pais (Ex 3:6). A teofania ocorrida ali, tem a função primordial de
transmitir a onisciência, a vontade e os planos do próprio Deus para o seu
povo.
O texto
nos mostra a reverência de Moisés ao ouvir que a presença sobrenatural de Deus
santificava aquele lugar, mas parece, por um instante, que Moisés embora tenha
contemplado a presença visível de Deus, tenta fugir do chamado de Deus para
libertar o povo (Ex 3:10,11), porém, a pergunta seguinte mostra características
muito importantes para que Moisés, o povo e o próprio faraó reconhecesse que
Moisés foi realmente enviado por Deus, e como o verdadeiro Deus de Israel.
Quando Moisés pergunta o que falará diante de faraó, Deus é enfático ao dizer
que quem o enviou foi o EU SOU!
Perceba a
importância de quem chama Moisés: O EU SOU.
Antes de
entrarmos no mérito daquele que chama Moisés, veremos como a cultura hebraica
trata os nomes pessoais de uma forma geral.
Nas escrituras o nome pessoa é a expressão da
natureza do seu portador. Vemos isso, por exemplo, no nascimento dos irmãos gêmeos,
Esaú e Jacó, que por serem gêmeos, um nasceu antes, e esse foi Esaú, e por ter
a pele coberta com muita penugem (o que não é raro vermos em muitos bebes
hoje), foi chamado de Esaú (Gn 25: 25) que significa "peludo". O
irmão de Esaú, ao nascer estava literalmente "agarrado" ao calcanhar
do irmão, os hebreus, dessa forma, julgaram que este intentava roubar a
primogenitura de Esaú, e por isso recebeu o nome de Jacó, que significa "enganador",
"usurpador".
É óbvio,
que um bebê recém-nascido nada entende sobre tradições hebreias de
primogenitura, mas o fato é que os nomes Jacó ou Esaú os acompanhava durante
toda a vida, e mais do que isso, esses nomes carregavam o peso de sua
significação, fosse boa, ruim ou indiferente. O fato é que para os judeus até o
dia de hoje o nome traz a expressão da natureza de quem é o portador.
Para Jacó
certamente não foi fácil carregar o nome de "enganador" durante toda
a sua vida, pois isso não só definia como era definido, mas trazia características
intrínsecas de Jacó, ou seja, um enganador. Posteriormente, Deus mudaria o nome
de Jacó (enganador ou usurpador) para Israel (O que luta (persiste) com Deus). A
nação escolhida por Deus, dessa forma, não se chama "filhos de Jacó"
ou como vimos "filhos do enganador", "filhos do usurpador",
mas foram chamados de "filhos de Israel" ou "filhos dos que
lutam com Deus" (Ex 1: 9,12)
Outro
caso interessante é o de Noemi (agradável) que depois muda o seu nome para Mara
(amarga). A mudança mostrava, que a portadora do nome, antes uma pessoa
agradável, depois da perda de seu marido e seus dois filhos, torna-se uma
pessoa amarga.
Levando tudo
isso em consideração, então, que características trazem o nome EU SOU? E, de que
forma, essa identificação para o povo e mesmo para faraó teriam, quando Moisés
dissesse que o EU SOU, me enviou?
Ninguém,
nas Escrituras Sagradas possui tantos nomes quando Deus, e em todos eles, os
nomes mostram características particulares do EU SOU, de acordo com cada
situação, onde Deus mostra sua ação ao
longo da história do povo ou de pessoas em particular.
Os nomes
de Deus são muitos e aparecem dispersos nas Escrituras, mas, alguns dos nomes
de Deus que na Bíblia são traduzidos por Senhor ou Deus são:
- El -
maneira genérica de deus, seja verdadeiro ou falso (p.ex em Is 44.10,15)
- Elohim
- Forma plural de 'eloah - Divindade
suprema (p.ex em Dt 4: 35,39)
- Adonai
- Aparece no sentido de senhorio, soberano, amo, traz o sentido de autoridade (Sl
110:1)
- El
Elyon - Deus Altíssimo (p.ex em Nm 24:16, Sl 9:2)
- El
Shaddai - Deus Todo Poderoso (p.ex em Gn 17:1)
- El
'Olam - Deus eterno (p.ex em Gn 21:33)
- Attiq
Yomin (p.ex em Dn 7:9;13;22)
- Jehovah-jireh
- Deus da provisão (p.ex em Gn 22:13,14)
-
Jehovah-nissi - O senhor é a minha bandeira (p.ex em Ex 17:15)
- Yahweh-shalom
- O Senhor da paz (p.ex em Jz 6:24)
-
Yahweh-tsidekenu - O senhor é a minha justiça (p.ex em Jr 23:6)
-
Yahweh-shammah - O senhor está ali (p.ex em Ez 48:35)
- Yahweh-Sabaoth
- O Senhor dos Exércitos (p.ex em 1Sm 1:3)
Esses
nomes são mais conhecidos no AT, por causa da sua relação com situações de Deus
para com o povo, do relacionamento com Israel ou com pessoas em particular.
Outros nomes como: Rocha, Pai, Mestre, Juiz, Pastor de Israel, Primeiro e
Último, alfa e ômega, Pai das Luzes, Príncipe da Paz, Pai da Eternidade, Deus
conosco, Brilhante Estrela da Manhã, Segundo Adão, Rei dos reis, Senhor dos
senhores e tantos outros que mostram as características únicas de Deus e
consequentemente do seu Filho Jesus Cristo.
Todas os nomes mostram atitudes ímpares de
Deus, sobre quem é Deus, e o que faz Deus. Porém, um desses nomes pelo qual
Deus é conhecido é como o Deus de Israel é YHWH. Segundo o dicionário Vine, o nome
aparece 6.828 e é traduzida como a identificação particular de Deus, a palavra
é impronunciável, e é comumente traduzido como Senhor
Para nós
é muito difícil entender como um nome impronunciável, carrega em si,
características de Deus. Contudo, veremos como a tradição hebraica nos mostra,
o nome YHWH está relacionado à santidade envolvida nas 4 letras que definem qual
é na verdade a pessoa de Deus.
Esse
tetragrama tinha uma razão para ser impronunciável, pois por estar relacionado
à santidade da pessoa de Deus, e nunca era pronunciado. Ao invés disso, quando
lido era pronunciado com as vogais de Adonai, para lembrar os leitores da
escritura sagrada nas sinagogas que deveriam pronunciar o nome de Deus como
Adonai (Senhor). As vogais, com o passar do tempo, foram formando o nome
Yahweh. Jesus na sua oração sacerdotal mostra a importância da santidade no
nome do Senhor quando diz: "Santificado seja o teu nome".
Os textos
hebraicos antigos não continham vogais escritas, então os textos quando era lidos
iam sendo acrescentadas as vogais conforme o contexto. O significado real do
trigrama ainda não se sabe ao certo, devido a essa peculiaridade da ortografia
hebraica antiga. Porém, na apresentação do Senhor (YHWH) a Moisés ele pode
realmente ter a real noção de uma característica única de Deus, que é a
característica única de SER O QUE É!
Dentre
todos os nomes relativos a Deus que vimos, os dois únicos que o definem com
perfeição característica do Senhor, era YHWH e EU SOU, ao juntarmos o
significado da santidade que carregava o nome do Senhor (YHWH) com a afirmação
do próprio Deus que Ele era o EU SOU, chegamos a uma conclusão que Moisés
falava em nome daquele que era em primeiro lugar SANTO. Em segundo lugar, a
declaração do EU SOU, mostra que Deus subexiste por si mesmo. Essa última
afirmação é feita por João quando diz que o próprio Jesus é "... o Alfa e
o Ômega, o princípio e o fim..." o "...que é, e que era, e que há de
vir, o Todo-Poderoso" (Ap 1:8). Moisés é enviado por aquele que é santo é
aquele que se sustenta e sustenta a vida por si mesmo.
Ao
indagar o Senhor sobre o que falaria ao povo e a faraó, Deus está dizendo a
Moisés que deve se apresentar como sendo enviado por aquele que é santo e
subexiste por si mesmo, característica única do nosso Deus, e que é portador da
autoridade que o nome do Senhor representa.
Isso é
tão fato que o próprio Senhor Jesus se declara como sendo o próprio EU SOU, e
defende sua missão e autoridade, mostrando sua semelhança com Deus (Jo 8:
24,28,58).
"...antes
que Abraão existisse, EU SOU" Jo 8:58
Esse é outro
ponto importante a observar. A atitude de falar em nome de alguém significa poder
agir e tomar atitudes em nome daquele que o havia enviado e que estava
investido de autoridade para tomar determinadas ações em nome daquele que o
enviou. Para os nossos dias era como se determinada pessoa fizesse uma espécie
de procuração, em que o portador dessa procuração teria direitos legais de
falar e agir em nome daquele que assinava a procuração. Foi isso o que
aconteceu com Moisés quando Deus o chamou para ir até faraó falar em nome dEle e
agir com grandes feitos de Deus por intermédio de Moisés.
Contudo,
esse é assunto para outra ocasião!
Bons estudos!
Fernando e Isabella



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