"Que fazer, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento." 1Co 14:15
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“no coração / na cabeça”
Durante uma semana, durante a juventude, fui a aulas experimentais, num certo curso de desenho. No primeiro dia de aula, o professor, querendo medir a habilidade de cada um em desenhar coisas aleatórias, ditava: "cadeira!", os alunos desenhavam uma cadeira, "caminhão!" e mais uma vez os aprendizes rabiscavam. "cachorro!", "casa!", "paçoca!", "braço!"... Disse de tudo um pouco, mas repentinamente, e para o espanto da turma, ele diz: "medo!" ... Silêncio... alguém lá do fundão grita: "Ah... isso não!" ... "Tá bom..." responde ele! "Vou ditar outra!" e saca mais uma: "Amor!", e de repente, como se fosse uma metralhadora, dispara: "ódio, angústia, dor, alegria, raiva, sede, tédio, dor, preocupação, alívio, paixão, aflição, sono, desapontamento...", ouve-se um "Aaaahhhh..." coletivo, e antes que alguém pudesse indaga-lo, ele pergunta: "Por que ninguém conseguiu desenhar essas coisas?" ...Silêncio... Não havia respostas...
Muitos anos se passaram e a dúvida me sobreveio novamente à memória, “por que não dava para desenhar?” Ora bolas, são sentimentos, não são “expressáveis” em papel, não há como por forma, não há como vê-los, pegá-los. Alguns poetas românticos dão uma "matéria prosopopéica” aos sentimentos tentando dar-lhes forma:
“...Meu bem, não chores, / hoje tem filme de Carlito! / O amor bate na porta / O amor bate na aorta...” “...O amor faz uma cócega / O amor desenha uma curva / Propõe uma geometria...” (O amor bate na aorta. Carlos Dummond de Andrade)
Se pudessemos imaginar a forma, por exemplo, da saudade, certamente nos falta um parafuso (com o perdão da licença poética). Pois não há forma definida para sentimentos. Assim, somos levados a pensar de um novo jeito.
Há, portanto, dois “campos” distintos:
1. Aquele que é lógico, palpável, sólido e visível;
2. Um campo invisível, indizível, ilógico e abstrato.
Então, depois disso, nos voltemos à Bíblia. A palavra de Deus fala diversas vezes sobre razão e emoção e nesse ponto que vamos tocar.
O entendimento, a lógica, aquilo que é palpável é visível está no campo da razão. Do racional. É como imaginarmos, que ao soltar uma pedra de determinada altura termos a certeza de que ela vai cair. A não ser que nós estejamos no espaço, ela vai sempre cair “para baixo”. É lógico! É racional pensarmos assim, porque é assim que vai acontecer! As pedras sempre “caem para baixo”! Não é errado pensar assim. Essa informação lógica é processada no centro da lógica. A razão. A informação é desenvolvida, e desvendá-la é fácil, porque ela é exata! Como 2+2=4, vai ser sempre assim em qualquer lugar do mundo! Exato! Não muda!
É fácil perceber que é dessa forma que a razão funciona, ela é experimental e exata! Para ela (a razão) as coisas ao nosso redor tem uma explicação.
Quando a Bíblia fala de entendimento, na maioria das vezes está relacionando à razão, à capacidade de poder discernir aquilo que é lógico e verdadeiro, daquilo que parece absurdo, como por exemplo, as pedras "caírem para cima". Em outras palavras o entendimento analisa o que é palpável, a partir de conhecimentos prévios adquiridos ao longo da vida e de informações armazenadas no subconsciente humano. Por que sabemos que as pedras “caem para baixo”? Por que já observamos as pedras caírem, e elas “caem para baixo”. É experimental e empírico! Isso é um dado que está armazenado no subconsciente e vai ser usado quando alguém disser que uma pedra "cai para cima"!
Um exemplo (entre muitos outros) está no versículo abaixo:
Um exemplo (entre muitos outros) está no versículo abaixo:
“Agora,
pois, meu filho, o SENHOR seja contigo, a fim de que prosperes e
edifiques a Casa do SENHOR, teu Deus, como ele disse a teu respeito.
Que o SENHOR te conceda prudência e entendimento, para que,
quando regeres sobre Israel, guardes a lei do SENHOR, teu Deus.” (2 Cr 22:
11,12)
Deus não permitiria a Davi edificar o Seu templo, encargo esse dado à Salomão. No texto Davi roga ao Senhor, que entre outras coisas, dê a Salomão entendimento. Com entendimento podemos inferir (também pelo texto que se segue) que Deus dê a Salomão a capacidade lógica, sensata, discernindo o que é verdadadeiro e bom para reger a Isarel e guardar a lei de Deus. Sabendo dessa forma dicernir entre o certo e o errado.
Portanto, o entendimento está, quase sempre, relacionado à capacidade de saber discernir entre o certo e o errado de forma lógica, sensata, exata e plausível.
“...o conhecimento será agradável à tua alma.” Pv 2: 10
Em contrapartida, do outro lado da moeda, está o campo do invisível, dos sentimentos e das emoções, e como pudemos ver, não podem ser expressos de forma lógica. O centro “nervoso” desses sentimentos está longe de ser a razão, pois sentimentos não tem a forma exata e definida exigida pela razão. De outra maneira possui uma forma volátil que toma corpo de acordo com as circunstâncias. A Bíblia (por diversas vezes) atribui isso ao coração.
O coração é a central nervosa dos sentimentos (claro que, falamos de coração de forma metafórica, e não estamos nos referindo ao órgão coração), ele é quem orienta as emoções e anda na "contramão" da razão.
A psicologia trata desse campo abstrato dos sentimentos, explica de forma conceitual.
Para nossos amigos psicólogos é “fácil” distinguir e explicar, mas pedir que uma mãe descreva o sentimento que envolve a morte do seu filho... não parece tão fácil assim. É quase impossível!
Para nossos amigos psicólogos é “fácil” distinguir e explicar, mas pedir que uma mãe descreva o sentimento que envolve a morte do seu filho... não parece tão fácil assim. É quase impossível!
Estamos envoltos a todo o momento nesse mundo de sentimentos: sonhos, desejos, saudade, fome, culpa, amor, frustração, medo, etc. Quando menos nos damos conta... Pã!!... acontece... na maioria das vezes são sensações incontroláveis e que mexem com o subconsciente.
Diferente da razão, não há uma forma exata de analisá-los, não há um arquivo no subconsciente que nos diga: “Amor... haja assim! Saudade... Faça aquilo! Não dá para descrevê-los, não é possível analisá-los com a lógica trivial da razão. E é aqui que mora o problema...
Essa sensação foi experimentada por Davi quando era perseguido por Saul e não conseguia distinguir ou definir o que se passava com ele naquele momento, e literalmente, falava consigo mesmo, falava sozinho:
"Por que estás abatido, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?... Sl 42:5
Uma característica marcante dos sentimentos é de que, quase sempre, eles dominam nossas atitudes, algumas pessoas tomadas de ódio, por exemplo, podem matar outras, e naquele momento, não sentir um pingo sequer de remorso. Entretanto, depois dos momentos de tensão respondem: “...eu não sei o que aconteceu comigo!”. Ora, são sentimentos, são inexpressáveis.
Então, para nós cristãos, qual o jeito certo de agir? Ser somente racional? Ou ser somente emocional? Querer achar lógica para tudo? Ou, tornar-se uma pessoa levada apenas por sentimentos? Lógica ou coração? Razão ou emoção?
A resposta certa: Os dois!
Façamos uma analogia (creio eu ser a melhor possível), de uma balança. Não a digital que conhecemos hoje, mas daquelas antigas, dotadas de duas bandejas onde se colocava o objeto de peso desconhecido de um lado e ia se acrescentando pesos conhecidos do outro até que as duas ficassem na mesma altura, no mesmo nível, ou seja, atingissem o equilíbrio. Pois essa é a palavra chave: EQUILIBRIO!
A moderação é em tudo boa. Nos nossos dias vemos muita "santidade" muito “poder” e em outros lugares tantos "teólogos", "catedráticos", “mestres e doutores da lei”.
Perceba que em igrejas onde há muito fogo, canela de fogo, carruagem de fogo, anel de fogo, porta de fogo, tudo de fogo. É revelação disso, revelação daquilo, uma revelação a cada minuto, gente corre, pula, dá cambalhota, conversa com a parede, mistério disso, mistério daquilo e é só isso. FALTA PALAVRA DE DEUS! Não tem estudo da Palavra do Senhor. As pessoas se perdem e não conhecem a Bíblia, não sabem dos ensinamentos transmitidos por Ela e não sabem usá-la. Quando não veem poder dizem: "Deus não está nesse negócio...". Falta Palavra de Deus!
Por outro lado, em igrejas em que todos os membros, só pensam em estudos mirabolantes, pesquisas intermináveis, análises críticas e sensatas de como a Vulgata, a Septuaginta, a versão A ou B envolvem o mundo eclesiástico contemporâneo, a relação exegética e hermenêutica dos textos originais sobre o pensamento cristão moderno, análise disso, análise daquilo, estuda assim, estuda assado. FALTA PODER DE DEUS! Não se veem milagres, não se veem pessoas sendo curadas, sendo libertas, não há revelações da parte de Deus, as pessoas estão “travadas” não se libertam para adorar, não sentem o toque de Deus, porque a presença do Senhor sobre esses lugares, passa longe. Eles se preocupam demais com aquilo que está escrito, como foi escrito, onde foi escrito, para que e para quem foi escrito, e esquecem-se do inimaginável poder daquele que escreveu! Falta Poder de Deus!
Mas não é sempre assim... há lugares onde se estuda a Palavra de Deus com afinco, com cuidado e cautela, porém, ao sentir o poder de Deus através da leitura e do estudo ou por causa de oração ou da comunhão dos irmãos, as pessoas se dão a liberdade de adorar e glorificar a Deus com brados de alegria, com danças, com louvor, nesses lugares há cura, libertação. Quando os textos são analisados e estudados, com um coração quebrantado, sentem o coração ser inflamado de poder do céu, veem a cura para a dor de seus corpos e almas, a resolução dos seus problemas e coragem para enfrentar os desafios do dia a dia. Há revelações vindas do trono da Graça. É o equilíbrio necessário. Palavra e Poder de Deus!
Aquilo que é palpável (estudo da Bíblia) na mesma medida daquilo que não é (poder de Deus), o visível na mesma medida do que é invisível, a razão na mesma proporção da emoção! Ideias opostas, na mesma proporção. Equilíbrio.
Um exemplo:
Um exemplo:
Será que a união homeossexual é algo planejado por Deus? Sem pensar muito, nós cristãos, dizemos (de forma enfática) que não! Mas vemos, nos nosso dias, o crescimento das uniões homossexuais. A psicologia diz que homens são movidos mais pela razão, as mulheres mais pela emoção. Dois homens... muita razão! Duas mulheres muita emoção! A família que Deus criou não pende só para a razão, tão pouco só pra a emoção! Ele uniu homem e mulher, razão e emoção na mesma proporção, pois assim podem estabelecer o equilibrio. Equilíbrio! juntos!
Há equilíbrio em tudo aquilo o que Deus criou. Ele (o equilíbrio) está em todos os lugares: noite e dia, quente e frio, sol e chuva, riso e choro, alegria e tristeza. Equilíbrio!
"Que fazer, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento." 1Co 14:15
“Achaste mel? Come o que te basta (equilibrio); para que, porventura, não te fartes dele e o venhas a vomitar.” Pv 25:16 (grifo meu)
“Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor” Fp 4:5
“Porque
Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.”
2Tm 1:7
“Porque, pela graça que me
foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que
convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé
que Deus repartiu a cada um.” Rm 12:3
“Meu filho, se você aceitar as minhas palavras e guardar no coração os meus mandamentos; se der ouvidos à sabedoria e inclinar o coração para o discernimento; se clamar por entendimento e por discernimento gritar bem alto; se procurar a sabedoria como se procura a prata e buscá-la como quem busca um tesouro escondido, então você entenderá o que é temer o Senhor e achará o conhecimento de Deus. Pv 2: 1-5
Bons estudos!
Fernando e Isabella
Fernando e Isabella
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